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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sou pela reconciliação...


Versão completa do artigo publicado no Jornal de Santa Catarina de hoje - 21/09/2011 - Arq. DAniela Pareja(http://www.terra.arq.br/)

Estamos novamente no meio do olho de um furacão, tendo que tomar decisões importantes em relação ao desenvolvimento de nossa cidade, nesse caso o futuro da margem esquerda do rio. Vários setores da sociedade se manifestaram e com isso aflorou um debate importante, necessário, pena que ele só acontece pós catástrofes. Novamente nos vemos tendo que apagar incêndio porque mais uma vez a pauta ambiental não foi suficientemente discutida e resolvida nos fóruns permanentes.

Isso demonstra uma postura histórica, do homem em relação ao meio, sempre nos posicionamos melhor e com maior desenvoltura quando o assunto é olhar pra frente, construir pontes, ruas e infra estrutura para isso somos especialistas, agora quando o assunto exige uma postura mais democrática e de grandes proporções a tendência é vacilar e buscar o caminho mais rápido e prático possível, mesmo que cientificamente esteja comprovado que não seja esse o melhor caminho.

Por isso é tão importante esse debate, para que as decisões sejam tomadas quando todos os argumentos sejam vencidos. Esse debate precisa ser permanente, para que tenhamos tempo para amadurecer um novo conceito de cidade, pois o que estamos construindo ao longo desses 161 anos a natureza já nos comprovou que não serve.

Quando li a reportagem dizendo que o prefeito iria a qualquer preço buscar recursos pra salvar a margem esquerda, e que esperava do Comite do Rio Itajai açu bom senso para o caso, fiquei pensando o que é ter bom senso numa hora dessas. Deixar se levar pelo apelo de uma paisagem desoladora e assustadora, fruto de uma ocupação em local de risco, ou se pautar em laudos técnicos que defende a desapropriação e criação de um parque, sei que parece radical, mas varias cidades do mundo estão buscando uma conciliação com a natureza, e é chegado o momento de Blumenau se posicionar, buscar um novo desenho de cidade, mais sustentável, mais democrática.

Varias famílias já tiveram que deixar os morros da cidade, viver em abrigos por longos meses, e infelizmente a cena é lamentável, mas o risco existe e é eminente a muito tempo. Diante do risco a cidade nos iguala, a falta de segurança permeia todas as classes sociais e o tratamento não pode ser diferenciado, temos que agir pensando no bem da coletividade, e no caso da margem esquerda o problema é muito maior.

No ponto de vista técnico não adianta concretar a margem esquerda, pois o rio vai buscar compensar sua vazão em outro local, provavelmente vai bater na margem oposta a prainha, onde hoje se encontra o edifício América, daqui alguns anos teremos que estar concretando o outro lado, e aumentando a velocidade das aguas, e levando o problema para Gaspar e outras cidades ao longo do caminho. Temos o exemplo da cidade de Brusque, modificaram todo rio e resolveu? Não, piorou e atingiu de forma catastrófica a cidade de Itajaí. Não adianta querer fazer um curativo aqui na margem esquerda sendo que o problema não esta no rio e sim na forma como ocupamos os espaços. Nós usamos a cidade de forma equivocada! Alienada as condicionante ambientais.

Temos que aceitar o    fato que vivemos num local onde as condicionantes ambientais precisa ser o principal indicador para todas as ações de desenvolvimento, temos ao longo desses 161 anos todas as ações de desenvolvimento urbano sendo pautada pelo debate politico e econômico, e vejam como estamos.

Sei que é eminente ao homem a crença de que o progresso humano dirige-se , sempre para frente, mas em nosso caso o mais sensato é parar para pensar, se temos capacidade de continuar tentando controlar a natureza ou seremos capazes de buscar uma alternativa de reconciliação. Sou a favor da reconciliação com o rio, e seguir em busca de uma nova relação com meio ambiente, seguindo os exemplos dos Estados Unidos com a Bacia do Rio Tenesse e Rio Anacostia em Washington, Rio Don: Brig Book Toronto Canadá. Diante de tamanha complexidade não dá pra pensar em soluções paliativas, é preciso pensar a longo prazo e se adaptar as condicionantes ambientais, desenvolver o território de forma inteligente, valorizar nossa paisagem, incentivar o turismo, rever a forma como ocupamos nossa cidade.

A decisão que estamos prestes a tomar é histórica, é chegada o momento de trocar lente e começar a buscar um desenho de cidade pautada na sustentabilidade e no acesso democrático pra todos.

Sou pela reconciliação com rio, por uma Blumenau mais sustentável !

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma de 12 metros por década, no mínimo...

artigo publicado no Jornal de Santa Catarina de hoje - 12/09/2011 - Arq. Christian Krambeck (www.terra.arq.br)
Primeiro, desejar força aos atingidos e uma rápida recuperação com apoio dos poderes públicos em todos os níveis. Segundo, agradecer pela fé e energia positiva de todos terem impedido que chegássemos aos 14 metros previstos e por termos apenas perdas materiais na maior parte das cidades. Terceiro, reconhecer que temos um sistema razoável de Defesa Civil, focado e organizado no pós-desastres e que funciona satisfatoriamente.
Quantos a outras perguntas, vamos ao ponto: apesar de estarmos no Século 21, nosso sistema de monitoramento e previsão é arcaico e pouco confiável, com antecedência de algumas horas apenas. Temos boas intenções, mas o poder público não é capaz de construir uma resposta definitiva. Quando os morros caem, fazem um departamento de geologia; quando há enxurrada, limpam as tubulações e tiram areia do leito do rio e devastam as matas ciliares; quando reclamamos que não há planejamento, fazem uma ou duas reuniões e dizem que temos projetos para 2050.
Um pouco da culpa é nossa, que além de esquecer rápido, pressionamos para que nossos terrenos abaixo da cota 11 sejam liberados para aterrar e construir qualquer coisa. Também não exigimos um plano mais amplo e abrangente que resolva de forma inteligente a relação da ocupação territorial humana com a natureza e sua dinâmica natural. Temos que aceitar que muitas áreas não podem e não poderão mais ser ocupadas.

O mais importante é se perguntar como prevenir estes desastres, já que não é possível mudar a dinâmica da natureza. A criação de um órgão de planejamento ambiental e prevenção de desastres talvez seja um primeiro passo. Ele seria responsável por coordenar as várias ações do poder público, buscar tecnologias e recursos humanos, articular as ações e secretarias, com a realidade das cheias e desmoronamentos. Seria responsável pelo antes, pela prevenção, trabalhando em consonância com a Defesa Civil, responsável pelo durante e pós-desastre.



CHRISTIAN KRAMBECK|ARQUITETO E URBANISTA

sábado, 10 de setembro de 2011

Até quando seguiremos sem planejamento urbano e regional?


A crescente convergência das malhas urbanas de Palhoça, São José, Florianópolis e Biguaçu – que juntas constituem um aglomerado com população estimada em 850 mil habitantes – nos coloca diante de um desafio inadiável: apresentar soluções e respostas aos problemas e oportunidades decorrentes deste tipo de crescimento das cidades. Ainda que alguns municípios tenham Plano Diretor, isto não é suficiente para orientar o desenvolvimento e a expansão das cidades de forma conjunta e equilibrada. O fato de estes planos serem elaborados a partir de abordagens diferenciadas, tanto no quesito técnico quanto temporal, explica a limitação de sua aplicação quando não inclui orientações para o conjunto das cidades.

A existência de um Plano Diretor, portanto, não isenta a cidade, o aglomerado urbano e a região metropolitana de manter um processo permanente de planejamento territorial e urbano. Caso contrário, corre-se o risco de empreender ações desarticuladas e não compartilhadas entre os municípios, ou ainda unilaterais e isoladas, com sérios riscos impostos à coletividade, que por sua vez é dependente do funcionamento deste sistema urbano.

As questões relacionadas ao transporte e mobilidade, sistema viário, habitação, segurança, saneamento, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, dentre outras, são de grande complexidade. Nos aglomerados urbanos, em especial, esta complexidade é ampliada, seja pelo potencial aumento das interações possíveis, seja pela falta de uma instância governamental capaz de mediar interesses e convergir ações e investimentos de forma articulada e efetiva entre as cidades.

Apesar do agravamento dos problemas urbanos, percebe-se que as várias instâncias do poder público continuam competindo entre si por popularidade, e consumindo valiosos recursos públicos em obras que, supostamente, deveriam aliviar os sintomas mais pungentes da sociedade. O que se vê, no entanto, são propostas de duplicações de trechos de vias, mais e mais aterros, obras de elevados, pontes, túneis e outras soluções viárias saindo do papel sem garantias de conexões adequadas ao sistema urbano existente, carecendo de estudos isentos e aprofundados, capazes de examinar as causas dos problemas e embasar a decisão quanto às alternativas apresentadas.

A cada nova promessa de soluções mágicas, com projetos que mais parecem ter saído da cartola, fica flagrante a inexistência de estudos para identificar a raiz e a extensão dos problemas urbanos. Há demonstração de falta de planejamento, pois os projetos surgem com significativo atraso, e de falta de compromisso, pela sobreposição de ações anunciadas de forma politiqueira. Por fim, o lançamento atropelado de editais para estudo de viabilidade levanta dúvidas, ao privilegiar determinada alternativa tecnológica. A prática torna-se ainda mais curiosa quando a contratação do projeto básico da obra é atrelada ao referido estudo de viabilidade… Quem, interessado na execução do projeto e até da obra, poderia concluir pela inviabilidade da proposta quando já está ao seu alcance assumir o projeto executivo da mesma?

Tomemos o exemplo das inúmeras propostas para “solucionar” o transporte de massa entre as quatro cidades mencionadas neste artigo. Cotidianamente, tais propostas são apresentadas com a maior naturalidade, ainda que não respondam às questões mais básicas. Que problema esta solução busca resolver? Por que o edital de contratação deste projeto salvador privilegia determinada alternativa tecnológica, omitindo ou restringindo a comparação com outras? Onde estão os estudos e o planejamento que orientarão os investimentos necessários?

Enquanto nos deixamos iludir ou distrair por tais promessas, um tempo precioso do desenvolvimento da cidade é desperdiçado. Ao passo que se acumulam e agravam os inconvenientes da vida urbana, a pressão será cada vez maior sobre o cidadão. Cedo ou tarde, cada um precisará desenvolver uma visão crítica, capaz de avaliar e perceber a precariedade dos projetos de enfrentamento destas intrincadas questões coletivas e, quem sabe, finalmente, dar um basta a tanto simulacro de planejamento.

* Edson Cattoni, arquiteto e urbanista, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Santa Catarina (IAB-SC).

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Um projeto para Blumenau!

Estamos a praticamente um ano das eleições municipais e tudo indica que, além de não haver nada de novo, também não teremos nenhum projeto consistente ou um debate verdadeiro. Teremos mais do mesmo e, em que pese a juventude de alguns candidatos, suas ideias e forma de pensar são velhas e ultrapassadas. Também não podemos nos deixar iludir por planos belos na forma e vazios no conteúdo, seja para os próximos 10 anos ou para 2050. Blumenau merece mais!

Temos condições de ser uma cidade nacional, como dizia o arquiteto Hans Broos, uma referência para o desenvolvimento urbano com qualidade de vida. Mas precisamos conhecer nossa vocação no Século 21, debater e construir os pilares para atingir este objetivo e status. Saber onde estamos, onde queremos chegar e como. Uma esperança seriam os próximos candidatos a prefeito proporem um amplo debate e uma grande mobilização em torno de temas como mobilidade, preservação ambiental e arborização urbana, habitação de interesse social, planejamento urbano e integração regional.

Precisamos construir um projeto para Blumenau baseado no conhecimento de nossa realidade, incluindo nossas deficiências, potenciais e condicionantes; com bandeiras que mobilizem a sociedade e criem estímulos para que todos trabalhem em prol deste objetivo. Temos bons exemplos de cidades que se uniram em torno de projetos inteligentes, ousados e transformadores. Gramado, que a partir do frio e belas paisagens se construiu em torno do turismo; Parati, com sua maravilhosa Festa Literária de Parati, organizada pela Fundação Casa Azul e pela prefeitura e envolvendo toda a população; e Curitiba, com o mote da qualidade de vida urbana e intervenções de desenho urbano e arquitetônica com qualidade acima da média brasileira.

Quem ou o que será capaz de unir os blumenauenses em torno de algo maior? E que nos leve para o futuro considerando nosso presente? Infelizmente, parece que ainda não será em 2012. Mas temos a opção de esperar até 2016?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Projeto finalista no concurso nacional Soluções para Cidades 2011 - FURB


Por: Leandro Ludwig, 31/08/2011 (http://lludwig.blogspot.com/)


Projeto desenvolvido pelos academicos Taciane Riboldi, Leandro Ludwig, Jean Tomedi e Cinara Nagel, acessorados e orientados pelo Arquiteto e Professor Christian Krambeck esta na final do concurso Soluções para cidades 2011. A premiação ocorre nesta sexta feira, dia 02/08/2011, no evento ConcretShow, em São Paulo. Representantes da equipe estaram presentes no evento.



Com o tema Cidades Ciclaveis, o concurso consistiu em projetar uma malha cicloviaria e um pólo cicloviario para a cidade de São Sebastião do Paraiso-MG, devendo conter no pólo um bicicletario, uma oficina de bicicletas, banheiros e guarda volumes. Todo o material desenvolvido foi exposto em duas pranchas tamanho A1.




Sendo assim, na primeira prancha inserimos todos os estudos e planejamentos criados para a malha cicloviaria. Estudos como o transporte publico, usos e topografia foram determinantes e cruciais para decidir em quais vias ocorreria a implantação da malha cicloviaria. Alem de um sistemático e progressivo planejamento para implantar a malha, dividido em 4 etapas.



A segunda prancha ficou reservada para detalhar o pólo cicloviario e o perfil das vias. De tal forma, para desenvolver o pólo, nos baseamos nas caracteristicas e historia da cidade. A implantação respeita as visuais que o pedreste possui da lagoa situada ao lado do parque e concorda com as curvas do terreno.